Um filme dirigido por Murilo Salles com Leandra Leal.
Baseado na obra de Clarah Averbuck.



O DVD já está disponível em locadoras espalhadas pelo país. Se na sua não tem, peça! Os donos de locadora podem entrar em contato diretamente com a Visocopy para adquirir uma cópia.

Bom filme!

A partir da próxima 6ª feira, dia 07, Nome Próprio estréia em Salvador SALA DE ARTE - CINEMA DO MUSEU - 16:15 e na Sala UFBA no horário de 20:20.

Avisem os amigos!

1 RIO DE JANEIRO - ARTEPLEX SL.03: 16:30 – 21:30

2 RIO DE JANEIRO - ESTAÇÃO LAURA ALVIM SL.02: não definido.

3 SÃO PAULO - ESPAÇO UNIBANCO SL.05: 18:00

4 BRASILIA - CINE LIBERTY SL.01: 16:30 – 18:40 – 21:10

5 PORTO ALEGRE - ARTEPLEX SL.08: 18:00

6 PORTO ALEGRE - RUA DA PRAIA SL.01: 20:30

Jornal do Comércio -Critica de Hélio Nascimento, 29/8/2008.


Fragilidades

O novo longa-metragem de Murilo Salles, filmado e exibido na forma digital, confirma que o cineasta merece ser incluído no grupo de realizadores brasileiros dignos de toda a atenção. Ele tem voz própria, não segue correntes e pratica um cinema urbano, voltado para setores da classe média para cima. Mesmo que a partir de segundo filme não tenha realizado obra tão admirável como Nunca Fomos Tão Felizes, o notável opus um de sua filmografia, ele nunca deixou de ser um autor de filmes e não um mero encenador. Filmes como Faca de Dois Gumes e Como Nascem os Anjos, assim como primeiro, também exibidos - e injustiçados - no Festival de Gramado, são trabalhos de nível bem superior à média de nosso cinema, reveladores de um processo investigativo que evidencia que os males de uma sociedade não devem ser limitados ao método que escolhe a miséria exposta como o único caminho. De certa forma, sem significar que o cinema de Murilo Salles seja um descendente deles, o cineasta de Nome Próprio prolonga o cinema de realizadores como Walter Hugo Khouri e Arnaldo Jabor, na medida em que escolhe um universo distanciado das palavras de ordem e do discurso. Murilo prefere alcançar o espectador acompanhando a trajetória de seus personagens, pois nela vê os sinais reveladores, os sintomas de desajustes, a evidência de fragilidades emocionais.
Nome Próprio, o novo filme do diretor, desta vez vencedor do Festival de Gramado, reafirma a preferência do realizador por personagens que, vivenciando uma solidão quase insuportável, procuram uma afirmação pela busca de ligações humanas que os salvem do desastre. O filme é obra de um verdadeiro autor. Só o desconhecimento ou a falta de memória poderia permitir que não fosse visto no filme de agora um prolongamento de Nunca Fomos Tão Felizes. Aqui, outra vez o cenário do apartamento vazio, na segunda metade da narrativa, expressa essa solidão. Eis um ponto de ligação que merece ser melhor explorado pelo observador. Uma crítica que poderia ser feita ao filme é a de que ele não aborda a relação da protagonista com sua família. Mas essa crítica não seria justa, pois esquece que um filme se insere numa filmografia, numa obra maior, faz parte de um discurso mais extenso. No filme de estréia, o filho deixado num apartamento vazio pelo pai envolvido em luta política expressava a dor do abandono e da solidão, tema que voltaria depois a ser expresso em Faca de Dois Gumes, sem esquecer que duas crianças são de certa maneira vítimas em Como Nascem os Anjos. Assim, se não vemos em Nome Próprio a infância da protagonista, se as figuras dos pais estão ausentes, tal carência é explicitada nos filmes anteriores e, de certa forma, é repetida aqui no plano em que o pai de um dos jovens com que Camila se relaciona praticamente a expulsa de casa. É uma cena rápida, ocupa poucos minutos da narrativa, mas é suficiente para tornar claras as causas de todas aquelas fragilidades emocionais da protagonista, como se o diretor estivesse recorrendo a uma volta ao passado.
Eis aqui outro tema importante do filme e que aparece pela primeira vez na obra do cineasta. A personagem principal praticamente não se afasta de seu computador. É através dele que busca alcançar a bóia salvadora ou a âncora que lhe permita algum tipo de estabilidade. É quando o contraste surge de maneira bem clara, quando as imagens e as situações do filme colocam em cena a incômoda verdade que constata ser o progresso tecnológico inversamente proporcional ao aperfeiçoamento emocional dos indivíduos. Quando, numa de suas melhores cenas, o filme mostra a personagem procurando colocar ordem no seu cenário, em luta inútil contra o caos que a cerca, fica exposta toda a intensidade desse drama que flagra a protagonista tentando recuperar o perdido, procurando voltar a um mundo do qual foi expulsa. O filme procura flagrar o ser humano na luta para recuperar a harmonia desfeita. A variação proposta pelo cineasta em torno do tema da incomunicabilidade merece ser conhecida. No painel que sempre deve ser uma cinematografia a presença de um filme como Nome Próprio não deve passar despercebida.

Juliano Gomes

Nome Próprio só aparece na tela no fim do filme, sobre a imagem das Camilas. Parece que a partir daí tudo se acalma; resolve-se a crise. Como se o problema fosse que ela não coubesse em uma só.
Próprio "é o que pertence ao sujeito da oração", e também "adequado, conveniente, que serve a determinado fim, apropriado". Enfim, acho um nome bem feliz pro filme, mas me suscita a curiosidade de saber se é um nome conquistado ou dado, saber o que você acha disso. Não poderia ser um nome comum? Ou impróprio?

(Formado em cinema, jornalismo e publicidade na PUC-Rio, Juliano Gomes trabalhou como assistente de direção no longa Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo. Desde então, realiza documentários, ficções e institucionais. Organiza também, desde 2005, o cineclube CINEPUC. Atualmente, é mestrando da ECO-UFRJ e colaborador do DocBlog, organizado pelo crítico Carlos Alberto Mattos. Foi membro do Júri da Mostra Visões do 1º Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro – RIOFAN).


MURILO

Juliano, acho que a sua pergunta refere-se mais a questão do nome, se é próprio, ou impróprio, ou comum. Acho que a melhor forma de responder a isso é falando um pouco da história do nome do filme; porque esse filme foi procurando o seu nome próprio.

Ele começou como “Máquina de Pinball”, igual ao livro. Já no primeiro tratamento do roteiro, que feito pela Helena Soares, o filme passou a se chamar “O Mundo Segundo Clarah Averbuck”. Do segundo tratamento em diante, ele virou “Pinball” e ficou “Pinball” durante um tempo enquanto íamos escrevendo. Eu gostava da imagem, não gostava da máquina de pinball, porque não acho que é essa a questão. O que era interessante ali para mim era a bola. Ela é uma coisa que vai daqui pra lá, bate, volta, bate nos pontos, se movimenta. Mas, também não queria que o filme se chamasse bola de pinball. Acabei abandonando essa idéia porque eu queria tornar o meu personagem em autor e não numa conseqüência de comando de um outro autor.

Quando chegou perto da filmagem, como eu estava brincando com essa questão do quê é narrado e o quê é vivido por Camila, pelas duas Camilas, eu transformei o filme em “Uma História Real”. Eu estava brincando com esse conceito, do quê que é verdade, o quê que você posta num blog e o quê você vive na vida real; de como a gente se ficcionaliza. Porque, no final das contas, é essa a questão.

O filmei foi todo feito com a claquete Um História Real; comecei a montar o filme ainda com esse nome. Então, quando a montagem foi chegando no final, além do fato de já ter alguns filmes com nome de Uma História Real, comecei a achar que o filme não é uma história real, aliás é tudo o que ele não é. Fiquei com isso na cabeça, achando que o filme tinha que ter outro nome. Procurei e cheguei ao nome “Impressão Digital”, mas achei que era um pouco literal demais; eu gostava e não gostava.

Até que um dia, fazendo uma sauna com a minha senhora, ela começou a falar que o filme tinha que ter um nome próprio, muito próprio. Quando ela voltou a frisar muito próprio, eu disse assim: “Caramba Deyse! Porque não “Nome Próprio?” E a Deyse adorou. Comentei com o Avellar, que gostava muito do “Impressão Digital”, e dois dias depois ele me manda um texto do Otávio Paes, falando sobre a questão do nome próprio, falando de uma forma tão pungente e pertinente com o filme que até hoje esse texto é a introdução ao filme no meu site. Logo depois disso, comentando com a Viviane Mosé, ela sacou um poema dela, que fala sobre no nome próprio. Era coincidência demais. Apesar de algumas pessoas acharem um pouco pedante esse nome, eu gostei muito. Acho muito próprio o filme se perguntar pelo seu próprio nome. Por tudo isso, acho que esse é um nome conquistado arduamente, um nome que se conquista.

Concordo com você quando diz que pode ser que Camila não se baste em uma, não se caiba em uma. Essa é uma das teses boas para o final do filme.

1 RIO DE JANEIRO - ARTEPLEX SL.03: 16:30 – 21:30.

2 RIO DE JANEIRO - INSTITUTO MOREIRA SALLES: 13:30 – 15:50 – 19:50.

3 RIO DE JANEIRO - ESTAÇÃO LAURA ALVIM SL.02: 21:00.

4 SÃO PAULO - ESPAÇO UNIBANCO SL.03: 16:40 – 21:40.

5 BRASILIA - CINE LIBERTY SL.01: 14:10 – 16:30 – 18:40 – 21:10.

6 FLORIANOPOLIS - BEIRA MAR 2: 19:10 – 21:30.

7 PORTO ALEGRE - ARTEPLEX SL.01: 15:00 – 21:30.

8 PORTO ALEGRE - RUA DA PRAIA SL.01: 16:00 – 18:15 – 20:30.

Matéria de hoje do blog Repique, de Paula Guedes.

Vencedor em Gramado discute formato do cinema




Vencedor do prêmio de Direção de Arte em Gramado, com o filme "Nome Próprio”, Pedro Paulo de Souza, conta aqui para o Repique todas as idéias por trás do conceito, cenário e cores de um filme autoral brasileiro.

Repique - Como foi ganhar esse prêmio em Gramado?
Pedro Paulo de Souza - Foi muito bizarro. Eu fui para Gramado para a abertura do Festival, participei da coletiva de imprensa na segunda-feira, e voltei para São Paulo. No outro sábado, no dia da premiação, resolvi ligar a TV para torcer para a Lelê (Leandra Leal), quando a 1.ª coisa que vejo foi a Rosamaria Murtinho falando “Pedro Paulo por Nome Próprio” – como eu era indicado fiquei esperando ela falar os outros nomes que concorriam, e de repente vi a Leandra Leal levantando da platéia. Caraca, ganhei o prêmio!

Que delícia.

Sim. Fiquei muito feliz. Especialmente porque os prêmios de Arte, Montagem e Música em Gramado são dados por estudantes de Cinema, que são convidados pelo Festival para votarem esses quesitos. Para mim, tem um gosto especial e eu me sinto muito lisonjeado de ter sido escolhido por gente que está brigando por conhecimento, que está tentando entender as coisas de outra forma. Até o ano passado não havia no Festival o prêmio de Direção de Arte, não tinha esse quesito mais técnico.

E o que está por trás da Direção de Arte do “Nome Próprio”?

A gente partiu de um registro quase documental porque o filme precisava ser o mais natural possível. Não podia ser muito detalhista porque daria mais informação do que o público precisaria. Os ícones, a forma de discagem, a estrutura do blog - era necessário que não aparecessem tanto, porque o Nome Próprio de certa forma é um filme de época, se passa em 2001 - e isso quando falamos de blogs e internet é praticamente datado - a maioria das pessoas não tinha banda larga, a internet era discada, os navegadores eram outros, não tinha Google, não tinha Altavista. E precisava ficar claro: “Olha, estamos falando de uma época que não é hoje”.

Por que não hoje?

O filme é baseado nos livros da Clarah Averbuck, que descreve um período em que ela tinha um blog, em 2001, um tempo em que não havia esse boom de blogs, em que o blog era um espaço para se expor, por exemplo, quando ela faz a declaração “esse blog não permite comentários”. Uma época em que ela era muito assediada. Se fosse hoje seria outra coisa.

O filme é cheio de vazios.
O filme tem muito vazio. Os ambientes dela são todos vazios porque precisávamos ressaltar a riqueza do universo interior daquela mulher, para que o público tivesse atenção focada em suas reações. O cenário mudava à revelia do que ela estava pensando. Tivemos o maior cuidado que aquilo fosse realmente um ambiente natural para que o ator se sentisse à vontade. Foi uma preocupação que surgiu durante a preparação de atores em que tive que construir alguns objetos de apego – coisas que pudessem estar na bolsa dela, os discos, livros. Outra preocupação foi criar uma série de estranhezas com relação à própria continuidade do filme - objetos que estão numa cena quando ela sai do quarto e quando volta já não estão mais, roupas... porque a história não é o que está na cabeça dela, o tempo em que ela escreve não é o mesmo em que o internauta lê. Deixamos no set tudo aquilo que é para ser assistido – que é quase nada, porque tudo o que está por perto faz sentido, à meia distância, não – o que possibilitaria termos colocado uma banda lá tocando.

Adorei como os textos aparecem no filme.

Ela conta uma história sobre coisas que estão no seu imaginário. Precisei construir a palavra escrita porque estamos falando de Literatura – eu literalmente precisava colocar palavras na tela, pois o texto dito e o texto lido são diferentes, têm outro tempo.

No fim acabou que “Nome Próprio” é super atual...

“Nome Próprio” também discute formato - o filme não tem película, a captação foi toda direta em HD; discute plataforma de comunicação... foi um filme lançado através de um blog, em que pudemos construir uma conversa e passar adiante a discussão que tivemos. Foi além da projeção na tela e isso tem a ver com internet, linguagem e suporte. Tivemos esse cuidado desde o início.

Juliano Gomes

Os escritos que habitam a tela no início do filme, que ficam entre os espectadores e as imagens, são uma expressão direta de Camila. Num segundo momento, pulando pra terceira pessoa, eles parecem vir de um narrador externo, de quem "faz" o filme. No final, vemos que Camila escreve também em terceira pessoa; o "personagem-narrador" se desfaz.
Queria perguntar até que ponto o filme se deixa contagiar pela Camila e até que ponto ela se contagia pelo filme. Porque me parece que estas partes são diferentes, que as crises da narrativa são "do filme", de como apresentar este personagem, de como fazer cabê-lo na tela. Sinto uma crise de representação no filme e acho que pra viver isso se escolheu uma personagem de convulsões, de montanhas-russas, pra que haja um "ou vai ou racha".

(Formado em cinema, jornalismo e publicidade na PUC-Rio, Juliano Gomes trabalhou como assistente de direção no longa Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo. Desde então, realiza documentários, ficções e institucionais. Organiza também, desde 2005, o cineclube CINEPUC. Atualmente, é mestrando da ECO-UFRJ e colaborador do DocBlog, organizado pelo crítico Carlos Alberto Mattos. Foi membro do Júri da Mostra Visões do 1º Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro – RIOFAN).


MURILO
A primeira questão é sobre os textos que vão possuindo a tela no início do filme. Esses realmente são escritos da Camila. São todos uma provocação ao Felipe. Há uma ligação direta, os textos estão em “sinc” com ela; vemos os seus dedos digitando e o texto surgindo na tela em seguida.

O primeiro momento de desconstrução é a cena em que ela vai para o Estádio de Futebol. É ali que aparece o primeiro texto de fora: “eu engoli uma pedra. Tem uma pedra dentro de mim. Tem uma pedra. Tudo é dentro”. Esse bonito texto da Viviane Mosé é o primeiro texto que não está em sinc com a ação de Camila e sim com os seus sentimentos.

A primeira intervenção realmente poderosa é logo após ela conhecer o Henry, quando ela está na praia transando com o namorado da amiga. “Nada me resta senão me perder em você, senão morrer um pouco, senão gozar sem saber do que se goza”. Essa fala, que na verdade é da Santa Tereza D’Ávila, é uma violenta ação de um texto sobre a imagem. O texto desfoca a imagem, a sua entrada é avassaladora. O texto possui a imagem. Ali alguém começa a escrever. É ali que começa. É ali que começam todas as questões.

O segundo momento que vc comenta, quando os textos começam a vir na terceira pessoa, começa praticamente só na metade do filme e aparece como uma descontrução. Camila fala em off no presente e na primeira pessoa, enquanto que o texto que aparece na tela é escrito no futuro e na terceira pessoa. É assumidamente uma desconstrução verbal. Queríamos provocar uma sensação de que alguém poderia estar escrevendo aquela fala, que existiria uma outra narrativa por detrás daquelas imagens.

Enfim, Juliano, eu discordo um pouco de você. Esse filme é um filme sobre narrativa, sobre construção de narrativa. Mas, não é porque utilizo um processo de desconstrução, que vai inserindo no filme textos na terceira pessoa e com isso a narração vai sendo paulatinamente tomada por um segundo narrador, que há uma “crise de representação”. Não acho que o personagem narrador se desfaz, pelo contrário, eu acho que ele se constitui. O personagem narrador só se constitui ali no fim. No fim, há uma possibilidade de que aquela segunda Camila seja o personagem narrador. Mas, pode haver outras interpretações também; segundo o Felipe Bragança, aquela segunda Camila sou eu. Eu estou mais para a opinião do Felipe.

Não acho que essa ação de escrever contamina a personagem. É mais do que isso, acho que elas se complementam. É por isso que digo que elas se constituem ao invés de se desfazerem, como você diz. Nada do que é escrito muda a ação da personagem, os textos são muito mais uma complementação da idéia que está sendo narrada. O que está sendo escrito só narra o que a gente está vendo, como na cena final em que Camila sai da festa, entra no ônibus e vai até a casa. Nada do que é escrito faz o personagem mudar qualitativamente. O narrar é uma outra instância, uma instância que está em comunhão com a imagem.

O uso do texto no filme sinaliza esse gradual desvelar de um segundo narrador, de uma segunda instância narradora. Por exemplo, a gente vê em duas cenas uma mão de mulher escrever e-mails de homem. O Daniel existe a partir de e-mails que estão sendo escritos por uma mulher. Toda vez que tem um e-mail do Daniel, com exceção da primeira vez, quando Camila usa o computador do Henry, aparece a mão de uma mulher digitando esse texto. Isso remete a possibilidade de Daniel ser uma invenção sim, dele ser uma coisa da cabeça dela.

Então, eu acho que o filme interage nessas duas camadas, como disse o Felipe Messina, Nome Próprio é um filme em camadas, um filme que fala sobre a paixão e sobre narrativa. As camadas se comunicam, mas não interagem. Elas formam um todo coeso.

Clip dirigido por Marcela Lordy (Diretora assistente de Nome Próprio), com Leandra Leal em todo o seu talento, agora também como cantora.


Hoje na coluna da Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo:

ATRÁS DE UM SONHO

Com quatro filmes no currículo, Juliano Cazarré (na foto, com o gato Alabar) vai estrear na TV em "Alice". Na série que a HBO exibe a partir de setembro, será um funcionário de financeira que sonha -e consegue- virar DJ. Foi em busca do sonho de ganhar a vida interpretando que Juliano trocou Brasília por São Paulo, há um ano e meio. Atualmente, grava "Som e Fúria", minissérie de Fernando Meirelles. Nela, será o cômico namorado de Andréa Beltrão. Ele está em cartaz nos cinemas em "Nome Próprio" -faz o primeiro namorado de Leandra Leal.

ZERO HORA - Matéria do dia 22 de Agosto

Escrever para viver
Estréia “Nome Próprio”, de Murilo Salles, filme vencedor do Festival de Gramado

Poucos filmes brasileiros ganharam tanto destaque no Estado nos últimos anos quanto Nome Próprio. Seja pela participação da escritora gaúcha Clarah Averbuck no projeto do diretor Murilo Salles, pela impressionante atuação de Leandra Leal, pela polêmica estratégia de lançamento do filme, a disputa e a surpreendente vitória no Festival de Gramado.

Todos estes temas renderam assunto. Muito falado, o longa pode a partir de hoje também ser visto em duas salas da Capital: Unibanco Arteplex 1 e Arcoíris Rua da Praia1.

Realizado em vídeo digital e com orçamento modesto (R$ 1,2 milhão), Nome Próprio é a imersão de Salles em um universo que, segundo ele, ainda não tem sua importância reconhecida pelo cinema brasileiro.

– Queria abordar essa geração que se relaciona e conhece o mundo pela internet – diz Salles. – Não se pode ignorar fatos como o Brasil ter o maior número de usuários do Orkut no mundo.

Diante da proposta, o caminho de Salles inevitavelmente cruzou com o de Clarah, escritora pioneira no uso da internet no Brasil para divulgar seus textos. A partir de relatos confessionais da autora em blogs e também em livros, o diretor apresenta como protagonista Camila (Leandra), jovem que chega a São Paulo aspirando ser escritora e se lança em uma ciranda de excessos – amorosos, emocionais e etílicos –, transformando essa intensidade autodestrutiva, e algo amoral, em um constante fluxo narrativo no teclado de seu computador. Camila não sabe se escreve para viver ou vive para escrever.

– Conheci os textos da Clarah antes de começar a filmar. Quando cheguei ao set sabia muito de cada cena, daquele universo – lembra Leandra, que destaca a liberdade que obteve do diretor para contribuir na construção da personagem, que lhe valeu um aclamado Kikito de melhor atriz em Gramado.

Murilo completa:

– Um filme que com essa intensidade só pode ser feito quando existe total intimidade e cumplicidade no set.

Ao mesmo tempo em que comemora a vitória em Gramado, Salles lamenta o fato de Nome Próprio ter sido recusado em vários festivais internacionais

– É um filme moderno, urbano, que vai contra a imagem que as curadorias estrangeiras têm do Brasil. Elas apreciam mais temas como miséria e violência. Temos de fugir desse coitadismo no cinema brasileiro.

1 - Efeito Kikito

Entre os seis longas nacionais em competição no Festival de Gramado, Nome Próprio era favorito apenas ao prêmio de atriz para Leandra Leal. O Kikito de melhor filme surpreendeu o próprio Murilo Salles. O diretor espera que a visibilidade e os prêmios conquistados na Serra despertem o interesse do público onde o longa estréia hoje (Porto Alegre e Florianópolis) e nas próximas semanas (Curitiba e Salvador). O efeito Kikito já fez o filme voltar a cartaz em Brasília. Nome Próprio soma 25,4 mil espectadores.

2 - É ou não é?

O roteiro de Nome Próprio é inspirado em textos da escritora gaúcha Clarah Averbuck, publicados nos livros Máquina de Pinball e Vida de Gato, além de relatos dela em seus blogs. Desde o lançamento do filme, Clarah insiste que a personagem de Leandra Leal, apesar de ter pontos em comum com sua trajetória, não é ela. A escritora e Murilo Salles costumam contrapor um ao outro sobre o grau de semelhança entre Clarah e Camila. O roteiro conta com textos da filósofa Viviane Mosé. Para pôr fim, ou mais lenha, na discussão, Murilo diz: “A Camila sou eu”.

3 - Boca a boca

O lançamento de Nome Próprio no centro do país, em 18 de julho, contou com uma estratégia de guerrilha na divulgação. Murilo Salles lançou uma campanha viral pela internet, na qual criticava o atual modelo de distribuição no Brasil e apelava para que o filme fosse visto no primeiro fim de semana em cartaz. Esperava ele que a propaganda boca a boca garantisse uma segunda semana de exibição:

– Ninguém queria estrear junto com o Batman. Fiz um lançamento pequeno em meio à ocupação. Achava que teria só 5 mil espectadores. Só posso comemorar.

MARCELO PERRONE

Nessa sexta-feira dia 22 de Agosto, "Nome Próprio" entra outra vez em cartaz em Brasília. Agora nós estamos na sala 01 do CINE LIBERTY.

Voltamos à Brasília motivados pela vitória em Gramado. Para COMEMORAR COM A CIDADE QUE nos abraçou, os prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz para a minha querida Leandra e Direção de Arte para o meu amigo Pedro Paulo de Souza.

Voltamos como nova energia, como uma nova garra. Queremos fazer ainda mais barulho que nas duas semanas que o filme ficou em cartaz em Julho. Brasília tem mais para dar, para provocar. Não é uma apenas uma questão de ir ao cinema, mas de discutir as questões que esse Brasil conectado nos coloca e encarar a feminilidade das nossas meninas de frente, parar de tampar o sol com a peneira acreditando que somos única e exclusivamente uma sociedade machista e conservadora.


Nunca tive a intenção de fazer desse filme um blockbuster. Queria movimentar a cena, falar sobre questões que muitas vezes não prestamos a atenção, mas que existem e que estão crescendo bem de baixo dos nossos narizes burgueses. Brasília é uma cidade muito representativa desse status quo, de um Brasil que passa longe e que não quer ver as questões que Nome Próprio aborda com tanta intensidade.

Contamos com todos vocês. Vamos movimentar a internet. Vamos discutir o filme no Blog, nos blogs, nos bares. O filme ganha vida de verdade na rua.

Murilo Salles.


Leandra Leal, Deborah Osborne e Erick Rocha


Leandra Leal e Daniel de Oliveira

Matheus Nachtergaele, Paulo Jose e Leandra Leal







Matheus Nachtergaele, Paulo Jose e Leandra Leal

Daqui a dois dias começa a 6ª semana de exibição de Nome Próprio. Já entramos em cartaz em 11 cidades e nesse final de semana o filme estréia em mais duas, Florianópolis e Porto Alegre. Ainda vamos para Salvador e Curitiba. Mas, isso ainda é pouco.


Queremos levar o filme para outras cidades do Brasil. Para cidades que não tenham salas de projeção digital. Muitas pessoas têm publicado comentários aqui no Blog a esse respeito, falando do desejo de assistir ao filme. Estamos analisando qual é a melhor forma de distribuir o filme, a internet não está descartada.


Aguardem novidades em breve.

Depois dos prêmios em Gramado, voltamos a estar em cartaz em Brasília.

Agora no CINE LIBERTY SL.01: 14h20 - 16h40 - 19h - 21h20.

Músicas de Camila